Conversando sobre órteses: Uma intervenção
ilustrativa e didática sobre orientações e cuidados.
Patrícia L. de Oliveira1, Kety
Bráulio de Melo2, Johnny Vilcarromero Lopez3 e Claudia Franco Monteiro4.
1-Universidade do Vale do Paraíba –
UNIVAP, Bolsista CNPq – Brasil, Av: Shishima Hifumi, 2911 – Urbanova - São Jose
dos Campos – SP. patricialeite.to@terra.com.br
2- Escola do Corpo – Consultoria e
administração - Av. Dr. Adhemar de Barros, 566 sala 208 - São José dos Campos –
SP. kety@escoladocorpo.org.br
3- Universidade
do Vale do Paraíba –
UNIVAP, Laboratório de biomateriais e biodispositivos
do IP&D - Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Av: Shishima Hifumi, 2911 – Urbanova
- São Jose dos Campos – SP. jvlopez@univap.br
4- Universidade do Vale do Paraíba -
UNIVAP, Faculdade de Ciências da
Saúde – FCS, Av: Sishima Hifumi, 2911 – Urbanova - São José dos Campos, SP. isad09@bol.com.br
Resumo: Este artigo visa identificar alguns dos
problemas encontrados no uso inadequado, por parte dos usuários de órteses
estáticas para membros superiores. Para este fim, elaborou-se um questionário,
composto de doze perguntas estruturadas e uma dissertativa. Os questionários
foram aplicados aos pacientes usuários de órteses estáticas e previamente
selecionados por meio de prontuários do setor de fisioterapia e terapia
ocupacional da CPS - Clinica de Práticas Supervisionadas na UNIVAP -
Universidade do Vale do Paraíba. Identificada a problemática quanto ao uso e
manutenção das órteses, desenvolveu-se uma cartilha ilustrativa e didática
contendo orientações diversas e de fácil entendimento. Neste sentido, esta
pesquisa objetiva mostrar uma situação, de domínio restrito, sobre um dos
possíveis problemas que os profissionais de reabilitação venham a encontrar
durante a sua prática e como os dados obtidos levaram a optar por essa
intervenção.
Palavras chaves: orientações, órteses, cartilha e
terapia ocupacional.
Área do conhecimento: IV – Ciências da Saúde.
Introdução
As órteses são
dispositivos aplicados externamente ao segmento corpóreo, com finalidade de
proporcionar melhora funcional devido a algum tipo de disfunção ou necessidade
de suporte, auxiliando em uma recuperação mais segura, rápida e eficaz junto a
pacientes com comprometimento neuromusculoesqueléticos com alterações
funcionais temporárias ou permanentes (CARVALHO, 2005). Vários são os materiais
utilizados na sua confecção, como o couro, gesso, neoprene, termoplásticos de
baixa ou de alta densidade e outros. Podem ser classificadas quanto a sua
confecção em órteses pré-fabricadas, quando confeccionadas e fabricadas em
série e disponíveis em tamanhos padronizados como P, M, ou G, e em órteses
sob-medida, cujo molde é a própria mão do paciente, respeitando a
conformabilidade de cada mão e adequam-se melhor as necessidades peculiares de
cada cliente. As órteses também podem ser classificadas quanto à função, sendo
estáticas, quando são imobilizantes, limitam e posicionam as articulações, ou
dinâmicas que são compostas de varias partes para promoverem movimentação
articular, neutralizar forças deformantes e na manutenção e fortalecimento da
musculatura envolvida(SAURON, 2003).
Alguns conhecimentos se fazem
necessários para a avaliação, indicação, prescrição e confecção de órteses.
Pode-se citar que, é preciso ter conhecimento dos materiais disponíveis e
possíveis de serem empregados na confecção e para qual patologia esses
materiais contemplam as necessidades de cada caso. Associando-o a outros
diversos conhecimentos, corroboram para a aplicação de uma órtese que venha a
repercutir e objetivar a eficácia e eficiência do tratamento. Segundo Sauron
(2003); “Para que possamos prescrever, confeccionar e avaliar o real benefício de
uma órtese para determinado paciente é necessário que tenhamos conhecimento da anatomia
funcional do membro superior, dos aspectos clínicos da patologia
e do material escolhido para a confecção da órtese ”.
Boozer
e Swanson (1990) elucidam que, para o aparelho se adapte
apropriadamente é necessário: “que haja o
apoio total das estruturas que vão ser imobilizadas. Ao mesmo tempo em que se
permita movimentação das articulações não envolvidas. Também é necessário
respeitar os arcos da mão, não causar pontos de pressão sobre a pele e nem
impedir a circulação e dar alinhamento articular apropriado”.
Além do profissional que confecciona
órteses ter esses subsídios para se apropriar de sua pratica, a experiência e
habilidade com o material também são importantes. Boozer e Swanson
(1990)reforçam que; “A fabricação de um
aparelho ortopédico é também uma arte que é adquirida pela experiência. O
iniciante deve procurar os recursos de um terapeuta experiente, sempre que
possível, para desenvolver suas habilidades”. Sendo assim, outras questões
se fazem necessárias, como por exemplo, saber se a órtese proposta está gerando o subsidio que
se pretende após sua aplicação, caso não, a suspensão é o caminho, como
salienta Sauron (2003): “A órtese pode
ser um coadjuvante da terapia física. Quando não cumpre os objetivos a que se
destina, deve ser suspensa".
Neste contexto, este trabalho tem por
finalidade apresentar, através de um levantamento estatístico, alguns dos
possíveis motivos na utilização inadequada das órteses estáticas para membros
superiores e como as orientações e cuidados recebidos são administrados pelos
usuários deste dispositivo. E ainda, aplicar uma intervenção de nível
informativo através de uma cartilha ilustrativa e didática enfatizando os
cuidados necessários com as órteses. Este estudo focaliza os materiais
termoplásticos de um modo geral por serem estes os mais utilizados e
encontrados durante a pesquisa.
Materiais e Métodos
Para este fim, aplicou-se um
questionário, contendo 12 perguntas estruturadas e uma dissertativa, abordando
temas quanto a orientações recebidas de profissionais para os usuários deste
dispositivo quanto aos cuidados na higiene, acondicionamento e outros durante o
uso deste dispositivo. Realizou-se 17 entrevistas, o que corresponde a 80% dos
usuários cadastrados como usuários de órteses estáticas para membros
superiores. Este número de usuários foi levantado durante um mês de coleta na Clinica
de Práticas Supervisionadas - CPS da Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP
em São José dos Campos, SP. Após, identificação dos problemas, optou-se como
forma de intervenção, a elaboração de uma cartilha informativa com linguagem
simples, clara e altamente ilustrativa a ser distribuída gratuitamente no local
estudado.
Resultados
Após a analise dos resultados,
observa-se que
a
maioria dos usuários de órteses é adulta, do sexo masculino e com o grau de
escolaridade primário, podendo ser observado no gráfico a seguir.
No gráfico 2, nota-se que as órteses
dos entrevistados vieram de locais diversos, sendo que, 35% dos entrevistados
são diagnosticados com Acidente Vascular Encefálico (AVE) e seguido por
Paralisia cerebral com 18%.
Conforme o gráfico 3, a dor,
desconforto, coceira e pontos de pressão, são alguns dos problemas enfrentados.
Dos que referiram ter algum desses problemas, 67% dos entrevistados possuíam
órteses de origem pré-fabricada, mais verifica-se também que, 33% dos
entrevistados que possuíam as órteses sob-medida também desencadearam os mesmos
problemas
Resumo: Este artigo visa identificar alguns dos
problemas encontrados no uso inadequado, por parte dos usuários de órteses
estáticas para membros superiores. Para este fim, elaborou-se um questionário,
composto de doze perguntas estruturadas e uma dissertativa. Os questionários
foram aplicados aos pacientes usuários de órteses estáticas e previamente
selecionados por meio de prontuários do setor de fisioterapia e terapia
ocupacional da CPS - Clinica de Práticas Supervisionadas na UNIVAP -
Universidade do Vale do Paraíba. Identificada a problemática quanto ao uso e
manutenção das órteses, desenvolveu-se uma cartilha ilustrativa e didática
contendo orientações diversas e de fácil entendimento. Neste sentido, esta
pesquisa objetiva mostrar uma situação, de domínio restrito, sobre um dos
possíveis problemas que os profissionais de reabilitação venham a encontrar
durante a sua prática e como os dados obtidos levaram a optar por essa
intervenção.
Palavras chaves: orientações, órteses, cartilha e
terapia ocupacional.
Área do conhecimento: IV – Ciências da Saúde.
Introdução
As órteses são
dispositivos aplicados externamente ao segmento corpóreo, com finalidade de
proporcionar melhora funcional devido a algum tipo de disfunção ou necessidade
de suporte, auxiliando em uma recuperação mais segura, rápida e eficaz junto a
pacientes com comprometimento neuromusculoesqueléticos com alterações
funcionais temporárias ou permanentes (CARVALHO, 2005). Vários são os materiais
utilizados na sua confecção, como o couro, gesso, neoprene, termoplásticos de
baixa ou de alta densidade e outros. Podem ser classificadas quanto a sua
confecção em órteses pré-fabricadas, quando confeccionadas e fabricadas em
série e disponíveis em tamanhos padronizados como P, M, ou G, e em órteses
sob-medida, cujo molde é a própria mão do paciente, respeitando a
conformabilidade de cada mão e adequam-se melhor as necessidades peculiares de
cada cliente. As órteses também podem ser classificadas quanto à função, sendo
estáticas, quando são imobilizantes, limitam e posicionam as articulações, ou
dinâmicas que são compostas de varias partes para promoverem movimentação
articular, neutralizar forças deformantes e na manutenção e fortalecimento da
musculatura envolvida(SAURON, 2003).
O modelo mais observado na amostra foi o de
posicionamento funcional da mão, que obteve 71% do total dos entrevistados,
seguido do modelo de posicionamento funcional do punho com 18%. O material de
escolha para a confecção, foi o termoplástico de alta densidade perfazendo um
total de 47%, seguido de 29% confeccionados sob medida em termoplásticos de
baixa densidade, 18% confeccionadas em neoprene e 6% em gesso sintético.
Já com o acondicionamento, 71% dos
entrevistados receberam a orientação de guardar dentro do saco plástico no
armário e apenas 18% recebeu orientação de guardar em local arejado longe de
fontes de calor.
Na limpeza, verifica-se o uso de
produtos químicos, agressivos ao termoplástico de baixa ou de alta densidade,
como mostra o gráfico 4.
Quanto ao acompanhamento pelo serviço
de terapia ocupacional 53% obteve o acompanhamento, 18% somente fez a órtese
com um terapeuta ocupacional e 29% nunca passou por um terapeuta ocupacional.
Outro fator encontrado foi o alto
índice de doações. Dos entrevistados 41% fez doação de uma órtese para outro
paciente e 12% admitiu ter recebido e usado uma órtese doada.
Na pergunta dissertativa, observa-se a
opinião e percepção do usuário em relação ao dispositivo, como mostra os
gráficos 5 e 6. Decidiu-se separar as respostas conforme a origem da confecção
das órteses para uma melhor elucidação do assunto.
A cartilha elaborada, como mostra a figura 1,
se encontra em fase final, para uma posterior distribuição gratuita na CPS da
UNIVAP.
Distribuída no formato de quadrinhos,
a cartilha contém uma linguagem clara e altamente ilustrativa e colorida,
enfatizando as orientações e cuidados importantes no uso e manutenção das
órteses.
Discussão
Os problemas diagnosticados podem não
ser somente de caráter setorial ou institucional. Remete-nos a pensar em uma
comunicação deficitária entre profissional que confecciona a órtese com o
usuário que recebe ou não essas informações e como essas são repassadas.
Pode-se
verificar que há um déficit não só motor mais também cognitivo dos
entrevistados de acordo com sua patologia diagnosticada. Sendo assim, o
cuidador tem seu papel importante no uso e manuseio das órteses. O grau de
instrução do cuidador influenciará na aquisição dessas orientações recebidas,
em que a compreensão pode não ser fidedigna.
Ou ainda, a falta das orientações e o esclarecimento deficitário,
levarem a posturas inadequadas quanto à higiene, acondicionamento e tempo de
uso.
Assim há uma série de acontecimentos em cadeia, levando a dor e
ferimentos, resultando na não utilização da órtese e queda na durabilidade do
material no enfrentamento ao stress repetitivo em seu uso diário.
Durante a entrevista nenhum usuário
relatou ter recebido a orientação do uso de água fria e sabão neutro, ao
contrario, relataram receber a orientação de limpar a órtese com álcool.
Sabe-se que esse procedimento
utilizado na limpeza agride o termoplástico, retirando a película protetora
levando ao ressecamento e posteriormente a trincas, perdendo assim, suas
características estruturais pela agressão química sofrida.
Uma questão também importante é a
doação de órteses. Embora exista a condição social, econômica e cultural do
usuário, que precisa do recurso, na qual parte para a aquisição das órteses
comercializadas ou para receptação e uso de órteses doadas, por outro lado,
raros são os profissionais que sabem o que usar na adequação e como adequar
esta órtese, justificando sua escolha na orientação ao usuário quanto a
aceitação ou não do uso da órtese doada. Para isto, é preciso saber mais dos
materiais empregados na confecção de órteses, na qual o uso de produtos que
contenham solventes químicos, como por exemplo, a cola de sapateiro, irá
prejudicar a estrutura do material, principalmente se a órtese será reajustada
ou de caráter seriada.
Apesar dessa situação ser um fato
real, mais freqüente em determinadas regiões e classes sociais, sabemos que
ainda não é o mais coerente na prescrição de uso de órteses por não estarem
dentro dos padrões anatômicos, biomecânicos e cinesiologicos importantes na
confecção personaliza para cada caso e patologia. Mas é um fato a ser
enfrentado com o conhecimento e criatividade, ponderada, que é própria dos
profissionais em terapia Ocupacional.
Quanto aos problemas que levam ao não
uso, fica claro que, as órteses sob-medida ainda são mais contemplativas que as
órteses pré-fabricadas, pois apresentaram índices menores de problemas
enfrentados e viabilizaram o uso adequado com uma adesão maior do usuário no
tratamento com as órteses.
Nota-se ainda que, na tabela 1, a diferença na
opinião dos usuários, ficando claro que os usuários de órteses sob-medida são
mais esclarecidos quanto ao uso das órteses, quanto a que se destina e os
cuidados necessários com o aparelho durante a manutenção das órteses.
Pode-se por assim dizer que o profissional que
indica e confecciona as órteses pré-fabricadas, não suprem as informações
quanto às orientações e cuidados devidos e necessários para que a órtese cumpra
seu papel coadjuvante durante o tratamento.E ainda, que as órteses
pré-fabricadas podem até ser mais acessível financeiramente do que as órteses
confeccionadas sob-medida, mais ainda assim, no conjunto final dos poucos
relatos profissionais e dos usuários de órteses, as órteses sob-medida bem
confeccionada suprem e desempenham as necessidades e objetivos almejados
durante o tratamento.
Conclusão
Conclui-se que, é preciso mais
pesquisa e a publicação de estudos sobre as órteses. Conhecer o usuário do
serviço e suas condições para melhor elucidá-lo quanto ao uso das órteses, e
desenvolver um informativo sobre as orientações e cuidados, são questões
importantes no tratamento. O conhecimento sobre as propriedades dos materiais a
serem usados na confecção, e ainda, a inclusão destes no cronograma de cursos
de graduação e especialização e correlacioná-los com a patologia e os
conhecimentos em anatomia, biomecânica e cinesiologia, corroboram para uma
confecção e aplicação eficiente e eficaz das órteses. A apropriação dos
conhecimentos somado a prática auxiliam nos questionamentos sobre a indicação
inadequada e sua posição suspensão.
Referência
Bibliográfica 1- CARVALHO, J. A. Órteses:
Um recurso terapêutico complementar. Barueri, SP: Manole, cap 1, 2005.2- SAURON, F. N. Órteses para membro superiores.
In: TEIXEIRA, E et al. Terapia
Ocupacional na Reabilitação Física. São Paulo: Roca, cap 16, 2003.
3- BOOZER, J; SWANSON, A. B. Órteses
e próteses para membro superior. In: PARDINI JR, A. G. Cirurgia da mão: Lesões não traumáticas. São
Paulo: Medsi, cap. 18, 1990.
Consulte o artigo na fonte:
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